11.10.15

talvez eu não seja tudo o que pareço ser e o futuro que me resta seja apenas um tipo de ilusão pela qual criei afeto. talvez o cotidiano seja o que me baste sem eu saber, seja o que acalenta meu pensamento. quem sabe todo esse esforço será um dia em vão, sequer lembrança opaca na poeira do tempo, no presente incerto que é a existência. pode ser que um dia eu me acomode n'algum canto e lá eu fique, quieto, esperando a próxima quebra de rotina e mais um motivo para sorrir, outro para chorar, procurando apenas preocupações vagas como a fila do supermercado e qualquer tipo de entretenimento enquanto nada mais posso fazer. talvez eu venha a rezar, um dia. talvez eu olhe para todas as elites políticas, artísticas, intelectuais e veja que sim, nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam não. pode ser ainda que eu não me importe com tudo isso, que eu apenas acrescente ao pensamento presente a ideia de conformidade com o estado das coisas, aceitando a perspectiva da eternidade enquanto um acalento pro coração. talvez eu quisesse me sentir perdido de novo para sentir ter encontrado caminho algum.

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