20.12.15

12.12.15

gostaria de tentar me explicar com o instante do pensamento
esse tempo entretanto fugidio não permite
o livre esclarecimento de ideias
deste modo impedido
de explicar qualquer coisa que seja

penso assim no entanto
pois é meu único modo por enquanto
leio revejo erros
ou canso

8.12.15

mais um post da série pedro patético

eis que decido não mais viver tão dependente e, agora com mais tempo livre depois do fim da fgv na minha vida, procuro um estágio em direito que me contrate, que me pague, que ocupe meu tempo, enfim

os anúncios já tão estranhos só não deprimem a alma pelo salário pago. bom, muito bom, levando-se em conta uma jornada de 6 horas e diploma algum em mãos.

alguns e-mails e telefonemas depois, minha primeira entrevista empresarial depois de anos, veja, achei que estivesse enferrujado, mas não, não estou, fui bem, sabe, o moço até falou no final "estou procurando alguém com o seu perfil"

pode ser que eu não seja contratado nem nada mas bate um sentimento duplo agora: ao mesmo tempo que quero demais um emprego, céus, como serei miserável

porque sei que voltarei à rotina dos prazos, das petições, das verdades forjadas e interesses dispersos, porque sei que precisarei me empenhar em órgãos públicos e convencer pessoas de que o meu problema (nunca é meu problema) é o maior problema de todos e precisa precisa precisa de solução: pra já!

e um problema nunca é apenas um problema. com ele vêm uma série de outras questões, outras marcas, calendários, disciplinas, com um problema temos uma gama quase infindável de novos outros problemas, outros novos problemas surjem de problemas em problemas, problemas multiplicam-se como dores e, quando estás em posse de todas as suas faculdades mentais, percebes a insanidade de tudo aquilo

e pra quê? quer dizer, uma vida burguesa é cômoda, sim, talvez necessária, mas sério mesmo que precisamos todos nos submetermos a problemas que criamos pra dar algum sentido às existências?

sério mesmo que é esse o preço a ser pago pela homogeneidade?

pela crença nessa vida que escolheram para nós?

talvez eu precise passar por tudo isso, penso, incrédulo, ao escrever tais palavras em um computador mudo em seu teclar

tic, tic, tic

talvez uma dose de humilhação cotidiana faça bem pra esse ego,

tic,

talvez uma vez mais
iludido, vendido,
para entender qualquer coisa que seja



tic tic tic
antes eu queria um emprego comum
tic
agora tenho a chance de ter a chance de ter
a chance de estar errado
tic


4.12.15

é engraçado de ver os resquícios de estudantes brasiler-s ainda no ciência sem fronteiras

como que em uma outra realidade, esbajam o dinheiro público com a melhor questão

educação

esbanjam visitas incríveis a castelos europeus,
debatem sobre as aulas nas particulares americanas
roem as roupas do rei de

brasília pega fogo
incendeia

a bandeira nacional é hasteada e logo
então desprezada (amém)

ainda assim em euro em dólar
ien el-s ganham para

estudar

(que bom, penso)
(pelo menos a corrupção vira educação)
(ocidentalizada)

22.11.15

como encontrar-se em um mundo de constante mimetização?

é uma pergunta fácil para uma responta impossível. na realidade não "se encontra", como muito nos parece. não se esbarra com um passado tangível senão em pensamento: então por que a imagem do encontro?

talvez seja efeitos de uma identidade por demais pautada num espelho, eu diria, mas na realidade não sei mesmo. sei, entretanto, que isso é um parâmetro estranho, engraçado até, pensar que poderemos um dia nos encontrar. sabe? talvez a gente se encontre em um texto uma fotografia mas jamais encontraremos nada além do que queremos pensar que podemos encontrar. então por que o encontro?

talvez o encontro seja apenas uma forma mais simples, singela, de dizer as coisas que queremos dizer, sabe, de pensar as coisas que podemos pensar, dizem, talvez o encontro seja uma metáfora que facilita o pensamento e apenas isso, apenas isso.


20.11.15

é bem mais difícil do que se imagina observar coisas óbvias



this is a vaporwave experiment,







(ouça),



o óbvio peca pela subestimação: da própria consciência, da consciência alheia, da realida

o óbvio, por vezes, subtrai-se em deboche e corta, de imediato, olhares outros que porventura poderiam - podem - dotar quem os fenômenos vê de um pensamento mais criterioso, sinuoso,

mente quem diz que

óbvia realidade aparece, claro, sem muitos mais ornamentos que a fumaça que dissipa,
que a luz que escapa,
que a matéria que molda
a terra a girar

constantesempre

óbvio, certo, sim termos que confundem termos que

se empregados levianamente, se

poderiam custar alguma coisa
óbvia vida:

somente o improvável: óbvio
somente o inconstante; óbvio
dizem, apenas o importante, óbvio
dizem dizer . certamente o óbvio ...




dizem parece seria suposta menos seria
mais relevante que o absurdo::

pensa de novo e de novo - criar sentido fantasia não é nenhum mistério

it-s all iN yourr heDadd

it-s aLL in yOur hea,d


17.11.15

estou com um vazio muito estranho desde ontem. é um vazio de certa forma incômodo, mas ele não doi, ele não pesa, ele não faz necessariamente falta. fiz de tudo, veja, fumei um beck, desenhei no photoshop, tretei no facebook e nada, o vazio permanece, não acho que ele vá ser preenchido. não é falta de comida, comi chocolate. falaram que é falta de comida, mas ontem me entupi de chocolate e nada. bati uma punheta e foi a coisa mais sem graça do mundo.

o que poderia ser esse vazio? pensei que poderia ser a coisa que te faz ter ânsia de produzir escrita, produzir imagem, enfim, transmitir uma mensagem porque poxa, alguém mais deve sentir esse vazio terrivelmente estranho, terrivelmente sóbrio.

em dados momentos parece que ele vai embora. você sente uma vibração estranha a respeito de qualquer coisa assim, sei lá digamos um ônibus passa do ponto ou quase te atropela. toma-se um susto do caralho ou uma raivinha chata tipo 'vou ter que andar tudo isso', enfim, o vazio parece que passa.

não, na real ele ainda tá ali. mas enfim, é difícil perceber isso assim na realidade durante o tempo, mas enfim enfim, a questão é: qual é a desse vazio?

qual é a desse sentimento que nos faz querer inspirar expirar tentar de novo



Tenho uma dor constante. Uma dor que é quase indescritivel, uma dor que nao devia existir.  Posso sentir o contorno do meu coraçao e sinto ele batendo, como que a cada batida ele desistisse mais ainda de bater.
Nao consigo pensar em mais nada, tudo é azul, tudo é cinza, tudo é preto, Descobri que a dor fisica faz me esquecer da dor emocional, e comecei a me machucar. Cortei as unhas para evitar essa tentaçao, mas o vazio continua. Mas esse vazio eu sei de onde vem. Esse vazio esta sendado ao meu lado com um cigarro na mao. Esse vazio Quer me preencher mas ao mesmo tempo esse vazio tem medo de me preencher. Quero me afogar em alcool por que perco a memoria e perco os sentidos e no momento essas sao duas coisas que nao quero.
Eu sei que ele gosta de mim, eu sei que ele quer o que eu quero, mas ele esta preso, esta se impedindo de se aproximar como eu sei que ele quer, e acho que isso é ainda pior do que se ele nao gostasse de mim. Parte de mim não aguenta mais estar sozinha. Parte de mim não aguenta a possibilidade de vivver sem amor. Parte de mim vê mais tentaçao numa faca do que num pedaço de chocolate.
uuuuugggghhhhhh

11.10.15

se era pra ser entusiástico qualquer discurso aqui proposto desculpo-me sinceramente à leitora desconhecida, mas peco pelo desânimo com qualquer pouco obstáculo no caminho.

salvo-me, entretanto, pela curta memória em minha lembrança, sempre substituindo os dramas de outrora pelo fracasso de ontem. sigo, sigo, sigo, coleto alegrias e tristezas tentando cristalizá-las em algo inteligível mas veja, veja, veja bem: jamais consigo. Leitora, veja bem, eu não consigo pois tais palavras, sentimentos, seus dramas e compromissos são sempre compromissos com minha própria mente, leitora, veja, eu nunca nunca consigo transmitir sentimento de vida, sentimento contraste, sentimento sol poente sobre as águas e folhas sobre os prédios e suas nuvens sempre chuvosas.

Leitora, estou preso numa realidade caótica que te obriga obriga obriga a adequar-se à lógica imposta para tentar realizar os sonhos que você acha que precisa. Leitora, até os ônibus estão infestados de propagandas. Leitora, eu nunca soube o que faço.

Doses homeopáticas de adrenalina pontual são o que me lançam ao dia de amanhã. Algumas são pensamentos, a maioria são pessoas. Uma em particular, ato perigoso eu sei, eu sei, mas é um sentimento tão bom que sem ele eu não sei o que seria de mim hoje.

Não sei terminar bem textos, peço desculpas, jamais me ensinaram a rebeldia necessária para levar a luta ao desespero. Peço paciência e perdão à leitora distraída.


o tempo passa e o sentimento de importência perante os fatos da vida é cada vez maior. se antes as poucas perspectivas convergiam para um livro dentro de bibliotecas, um quadro dentro de museus e uma música dentro de uma sinfonia, agora acesso qualquer endereço meia boca internet afora para sentir-me atrasado como sempre, debilitado como nunca, pequenino frente à massa de dados inundando telas de dispositivos e parasitando nas mentes rebeldes de um sermão qualquer.


já nem sequer faço algum qualquer sentido
talvez eu não seja tudo o que pareço ser e o futuro que me resta seja apenas um tipo de ilusão pela qual criei afeto. talvez o cotidiano seja o que me baste sem eu saber, seja o que acalenta meu pensamento. quem sabe todo esse esforço será um dia em vão, sequer lembrança opaca na poeira do tempo, no presente incerto que é a existência. pode ser que um dia eu me acomode n'algum canto e lá eu fique, quieto, esperando a próxima quebra de rotina e mais um motivo para sorrir, outro para chorar, procurando apenas preocupações vagas como a fila do supermercado e qualquer tipo de entretenimento enquanto nada mais posso fazer. talvez eu venha a rezar, um dia. talvez eu olhe para todas as elites políticas, artísticas, intelectuais e veja que sim, nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam não. pode ser ainda que eu não me importe com tudo isso, que eu apenas acrescente ao pensamento presente a ideia de conformidade com o estado das coisas, aceitando a perspectiva da eternidade enquanto um acalento pro coração. talvez eu quisesse me sentir perdido de novo para sentir ter encontrado caminho algum.

8.10.15

hoje eu tive um sonho estranho. foi um sonho vívido, como poucos na vida, e nele a consciência - não do sonho em si, mas de tudo o que nele acontecia - era absurda. 

foi um daqueles sonhos sem pé nem cabeça, eu estava na fgv e algo me puxava para um prédio ao lado, eu e lucas. lucas ficou no térreo, eu peguei sem nem saber o porquê um dos elevadores até o décimo andar, não comandava meu corpo e minha mente só vagava pelas imagens que vinham. saía do elevador fluando e, frente a uma menina desconhecida, perdi todo o medo e de súbido sabia o que estava acontecendo. apenas olhei fixamente para ela e perguntei onde era. ela apontou para um porta, entrei para enfim encarar outra menina, mas com esta foi diferente. falei por pensamento que não sabia o que acontecia mas sabia que tinha o poder e que tinha consciência e qualquer coisa do tipo, ela talvez tenha respondido com algo inteligível mas isso não importa. no final do sonho pensei em como tudo fazia tanto sentido que eu precisaria lembrar dele para sempre. ainda enquanto dormia, consegui rememorar todos os passos (ainda frescos na minha cabeça, impossíveis de serem transpostos em palavras) do esquisito sonho.

gosto de sonhar assim

7.10.15

queria ter me encontrado em uma carreira que pudesse prover uma profissão nos moldes tradicionais do termo. que eu entrasse na faculdade, fizesse um estágio, me esforçasse nele e nele aprendesse; contratação, construção de carreira, definição da vida nos moldes padrões. não essa ladainha de mestrado de doutorado para então talvez - talvez - passar em um concurso público ou ser contratado em um lugar qualquer, fazer pesquisas que meia dúzia de pessoas vão ler e achar que isso é um tipo de contribuição válida no mundo. no momento, vendo minha força de trabalho intelectual para um garoto que não quer fazer seu trabalho e, oras, eu quero demais ir a um show. é o jeito de eu ganhar dinheiro, então foda-se, não é mesmo? talvez devesse ser assim, mas não sei, não consigo deixar de achar que nada disso tem sentido, que tudo isso não vai levar a lugar algum. não consigo deixar de pensar que todos os meus esforços, todos os meus anseios, no final serão resumíveis em um parágrafo contendo nome, idade, profissão, filh-s. talvez a gente não tenha um tipo de destino na terra, como queremos sempre achar. talvez nada faça sentido mesmo, e criamos as ideias para acreditarmos em nossas próprias consciências.

16.9.15

eu tento escrever pra me entender enquanto sentido fizer
eu tento (ainda tento) escrever pra entender escrever pra me
tento escrever (ainda) tento pra escrever
entender enquanto ainda (tento) escrita
ainda tento escrita entendo (entendo)
escrita tentativa ainda entendo
ainda
não
entendo

14.9.15

se quiseres construir uma mansão
há de começar se sempre
tijolo a tijolo
até telhado alcançar











imposição de ritmo: disciplina do espírito

12.9.15

passo os dias esperando esperando esperando os fracassos a concretizarem-se
(preciso sempre ser a personagem de meus pensamentos?)
enquanto fito obrigações auto-impostas
(eu poderia moldar essas questões em outros cenários)
por um tipo de ideia do que precisaria ser
(em outros tempos)
para ser quem quer que queira eu
(noutros meios)
ser

foco para apreender a realidade transformando-a a meu prazer
disciplina para treinar minha natureza direcionando-a ao ocaso
vontade para continuar errando
vida pra seguir vivendo
basta simplesmente se importar?

é suficientemente legítimo agregar um valor identitário por uma causa simplesmente
se importando?

ou seria um tipo de apropriação sociológica dos dramas mundiais
importar-se com um fato
dramático?

basta simplesmente se importar com a miséria dos dias, a miséria dos dramas, da filosofia
ou precisamos preciso
precisamente
mudar?

se mudança ocorre, digamos,
o fim do tabagismo
e perco portanto minha identidade fumante
vale mais o bem da saúde coletiva ou o que chamo de meu momento de reflexão
minha pausa sem razão em meio ao caos urbano de uma periferia de globo qualquer
na qual os passos transeuntes apenas justificam-se com um fim, um destino
nunca um meio?

vale mais o fim do machismo
da homofobia da transfobia
ou a luta diária de militantes sem fim
por um sonho de realidade jamais opressiva?

retiramos da rotina o ódio, o ardor
retiramos dessa existência terrena todas as oposições que nos fazem nós mesm-s
algo de diferente
algo de singular

seremos, portanto,
singulares em nossas existências?
únicos em nossos paradigmas?
felizes em nossos dramas?

ou precisaremos sempre de outro outro outro
drama, paradigma,
outra existência opressora que justifique pecados capitais doses diárias de erro e resposta e cataclismos e genocídios enfim;

precisamos da opressão para que a beleza afinal resista
ou aniquilamos esse paradoxo derradeiro
em vistas a um todo igual
perante o fatídico fim humano:

não há sentido.
não há caminho.

(sigo apropriando-me de palavras em articulações desconexas criando um sentido sem som porque escrito, sem voz porque nunca falado, sem imagem porque jamais concretizado. sigo apropriando-me do que me foi ofertado ao longo de uma vida burguesa acomodada, sigo seguindo os rastros de mártires de outrora, finados pensamentos herdados de temporalidades afastadas por calendários sem nexo. sigo, enfim, sem saber muito o porquê de seguir, tentam explicar, tentam redimir, não pedi pra nascer e sigo, sigo, sigo sem rumo, sigo sem resposta, sigo digitando na esperança que um dia tudo tudo tudo produza alguma razão. não quero saber de razão: sigo)

11.9.15

ao pedro-futuro,

não nos falamos faz um tempo, não é? sei que o intuito desse blog é exactamente este - rememorar tensões e conflitos passados, buscar alguma lógica intrínseca à minha própria existência no expaço-tempo - mas é sempre muito difícil escrever para o futuro. há futuro?

se houver, você certamente lembra-se de toda esta tensão envolvendo final de faculdade, um novo-antigo amor em regresso, todo este turbilhão caótico de emoções no entorno dessa mente que no fundo só queria um pouco de paz, apenas um pouco de sossego.

Pois. Não sei como o barco tocou seu caminho, tampouco como anda tudo o mais por agora. Sei, no entanto, serem 21h51 do dia 11 de setembro de 2015 - que horas são onde estás? - e que, sem qualquer propósito, pareço escrever essas linhas como talvez um escapismo ao possível fracasso que pode ser a prova da próxima terça feira. os livros fazem-me companhia nessa sexta-feira chuvosa - queria ter vontade de dormir - encarando-me as páginas como se fossem espelhos de uma suposta produtividade inalcançável. já li weber, pedro-futuro, gostei, sim, leitura rápida e sem qualquer gana de entendimento profundo, mas sinto ter entendido sua linha de raciocínio. pretendo ler mills, goffman e marx, pelo menos, para este teste. sei lá se passarei.

Bem. Já sabes como escrever um trabalho acadêmico com o rigor científico esperado por um membro da tão-respeitada-academia? Espero que sim, é uma habilidade notável. Certamente o meu desprezo por tal retórica deve-se em muito pela minha total falta de prática e maestria nesse sentido. Espero que tenhas conseguido alguma estabilidade financeira - importantíssima - assim como emocional.

Sigamos para o emocional. Sabes bem - mais do que eu, talvez - o quanto o momento atual é complicado. Sinto-me à parte, rejeitado, ignorado por um tempo passado que sim, sim, sim, foi muito bom mas céus, céus, céus, larga o celular e me dá um beijo!!!!!!!!!!!!!!!!! Preciso transar. PRECISO. TRANSAR. Sabes bem disso. Muito triste bater uma punheta com o namorado no município ao lado, mas é essa minha realidade atual. Não sei se permanecem juntos - será que alguma das razões arquitetadas em nossa mente valeram de algum modo? Enfim, no fundo só quero atenção. Sei que ele me dá atenção - mais do que para a própria família, de certa forma - mas como competir com um sentimento nostálgico de liberdade plena? Como posso explicar que eu me sinto mal pra caralho vendo que ele ainda tem aplicativos de sexo no celular e que talvez tenha dado uma olhada neles na noite anterior enquanto eu deitava na cama esperando um beijo atrás do pescoço? Como posso dizer que o brilho nos olhos não perdura eternamente, é preciso manter o desejo aceso, é preciso manter o desejo.

Talvez já tenhas resolvido essa questão também (espero que sim, afinal, metade deste blog são dramas amorosos de um antigo relacionamento de certo modo abusivo). Espero que estejas bem. Se não estiver, escreva, escreva, escreva: sempre acaba ficando melhor.

Foco, ritmo, ação
Foco, ritmo, ação
atenção: entusiasmo


beijos :)

8.9.15

o problema do amor é que ele te deixa com mais dúvidas do que certeza

quando se ama
ama mesmo assim
de verdade

sua base de existência treme, treme
balança o tempo todo porque sempre se pode dizer
"não"

não pro filme do netflix e pro jantar de um ano
não pro seu melhor amigo e família
não pra sua atenção
seus dramas
sua vida

o problema do amor é que ele te deixar com mais dúvidas que certezas

ama-se mesmo
de verdade verdadeira
nada mais que uma ideia

ideia de sentimento
ideia de carisma

o amor, como tudo na vida
nada mais é que uma ideia

o problema do amor são as dúvidas nas certezas

eu devia ter falado isso?
eu deveria ter contado aquilo?
qual calça fica melhor
a da direita
ou da esquerda?

amor é escolha
perante os silêncios
e a calmaria
o caos

o problema do amor são as dúvidas e as certezas

quem ama não pensa demais
senão sentimento escapa

o problema do amor se disfarça em questão
problema mesmo
é não amar

ilusão ideia que seja
que seja sentido
quero mais é sentir

(te amo)
estamos no mundo para criarmos lembranças:

preparem-se

7.9.15

sobre quebra de expectativas e a tentativa constante de aprendizado com o tempo presente

um ano de expectativas nutridas, amor envelhecido em barril de saudade, enfim nos abraçamos com o já esperado repúdio à intimidade de um corpo que só existia em ideia. seu toque segue o mesmo, mas as mãos trejeitam gestos outros, ritmos estranhos em sincronia com essa sua mente em outra distância, outro tempo até então agora.

sabe, durante muito o que fiz foi esperar. esperava e assim refletia para então talvez agir. agora é diferente. agora eu vejo e sinto e rebato quando necessário, sou frio quando quero ser, espero que compreenda o que digo, espero que compreenda o que posso.

eu dormia emaranhado na sua respiração e não pude sonhar direito. tua ansiosidade perpassava nosso colchão e eu finalmente entendia o quão pequena uma cama pode ser. eu levanto, ligo o ventilador e desloco-me à cozinha para comer um pedaço do chocolate. volto, deito, consigo enfim dormir. já não sonho. você está aqui.

4.9.15

ando pelas ruas da carioca pensando: os dias passam e cada vez mais atrelo-me sentimentalmente a este caos, a este ritmo, essa paisagem. atravessando a rua eu penso no quanto toda a desordem tem seu sentido intrínseco que eduardo paes nenhum jamais conseguirá entender, prever, domar. daí ando pela calçada com a miséria batendo à porta e pedindo que eu comprasse produtos que sequer direciono o olhar porque sei de antemão que por mim nunca serão comprados. ando pouco mais, lá está o paço com a exposição da bethânia - maria de todos nós - e a praça xv, 1808 foi aqui, penso, dividindo meus pensamentos com os passos apressados e as buzinas e miséria cotidiana dessa periferia de mundo.

é como se de nada servissem todos esses pensamentos que me sobreveem à mente sem permissão, quando vejo já estou pensando; de que razão, de que razão eles vêm? para que servem, qual sua utilidade? meramente entretenimento enquanto caminho sem bateria no celular? distração para não acometer-me com os males inerentes a todos os meus privilégios sociais? de que adiantam todas as elocubrações metafísicas se em nada, em nada elas são capazes de alterar, minimamente, a realidade humana?

eu não sirvo para os versos tampouco às teorias. minhas imagens não são harmônicas e meu braço sequer é capaz de carregar uma caixa cheia. não sei faxinar, não sei calcular. de nada sirvo, aparentemente.

hoje dividi a noite com uma sensação agonizante enquanto os segundos passavam distantes. mal tive fome, mal tive sede, não fiz o que deveria e minha mente sei lá onde esteve. agora enquanto escrevo vem o sono redentor de todos os tédios a me salvar da existência - burguesa, burguesa, burguesa. céus, pra que tanto drama se meus dramas são dramas de um privilegiado? posso eu rebelar-me sem armas? acode, drummond

31.8.15

não importa muito na realidade se a realidade presente é útil louvável ou não
é tudo o que tenho
é nela que me agarro




tiro pro alto, chute ao além
cego, cego, cego
ao futuro incerto encaminho-
-me









espero que para o melhor

30.8.15

todo o mundo parece tão feliz o tempo todo que quando tanta tristeza é exposta
nenhuma reação:
um nada de nada.

»»»»

todo o mundo o tempo todo feliz feliz

feliz todo o mundo parece tão, tão feliz tempo todo tudo
tão demais
tempo demais todo pensado em feliɀ
                                                          cidade
                                                                    feliɀ
                                                                          consumo
                                                                                        feliɀɀfeliɀɀɀ,

todo o mundo tão feliz o tempo todo que até se esquece
até se esquece----

⊱tristeza⊰
também
⊱beleza⊰

tristeza também
feliz tempo todo
sem saber
〈coitad-s〉
sem saber triste também
o triste também é belơ

o triste também é belo porque
confuso porque
sentido porque
pra que¿?

se todo o mundo feliz feliz o tempo o tempo tempo todo,
céus⍪

então todo tudo
tudo sempre tảỡ, céus,
céus⍪


««««


felicidade todo o tempo,
triste tédio:

todo o mundo o tempo todo
triste sem saber

24.8.15

céus,

engraçado (ou talvez meramente patético) o quanto eu busco respostas em vidas alheias, experiências outras. cá estou eu lendo um texto de um desses empreendedores do vale do silício sobre a importância de uma rotina matinal extremamente regrada para a concepção de que, sim, tenho controle de minha vida e, sim, sonhos são alcançáveis, etc, etc.

tudo ótimo, eu mesmo fui ler o texto por compartilhar uma pré-disposição para este tipo de prática, sabe, realmente é muito bom ter alguma rotina minimamente estabilizada (veja-se euzinho hoje sem querer acordar porque, bem, não tava mesmo a fim, não tenho textos lidos tampouco a vontade de levantar-me para enfrentar o dia-a-dia, rotina nessa cidade caótica) mas então o choque: o cara usava uma máquina que dizia quando a mente dele estava, de fato, calma.

céus, céus, céus. por que?

por que raios alguém compraria uma máquina para meditar? a ideia é exactamente a libertação humana por suas próprias capacidades cognitivas, a supressão das necessidades mundanas mediante a consciência de sua condição no espaço-tempo do aqui-agora, céus, por que raios alguém compraria uma máquina para meditar?

ela custa 295 dólares (4 dólares de desconto, 1%, segundo amazon, amazon, amazon)

o rapaz-moço também parece reservar uns 20 minutos, 20 minutos de tempo de suas manhãs-sempre-as-mesmas a ler ler ler sucessos alheios, exemplos bem dispostos de gente que conquistou sonhos porque criou sonhos porque fez de seus sonhos os sonhos alheios, fez de seus sonhos os outros sonhos dos outros das outras tantas tantas pessoas por aí a tentar conquistar sonhos sonhos sonhos (seus sonhos?) céus, por que raios alguém compraria uma máquina para meditar?

mas gente o rapaz-moço diz tudo o que faz, detalhe por detalhe, quer que todo o mundo - todo o mundo? - faça igual? será que todo o mundo - todo o mundo? - pode fazer o mesmo e chegar no mesmo e fazendo o mesmo e chegando no mesmo todos os sonhos chegariam lá - por serem o mesmo sonho o de todo o mundo - todo o mundo?

céus,
eu preciso de uma máquina
de meditar
pra ser quem
quero eu
ser?

quem?

15.8.15

http://poetweet.com.br/?p=gM0IDM0MTM

http://poetweet.com.br/?p=QO0IDM0MTM

http://poetweet.com.br/?p=AM1IDM0MTM



13.8.15

uma questão a ser considerada é o fato de eu querer ficar criando identidades para cada vômito meu internet afora. não, nunca isso será possível porque eu sou caos e caos e do nada (do nada) só respiro e foda-se, vou lá viver minha vida burguesa e me preocupar com uma profissão ingênua que olha o mundo mas não muda o mundo mas não molda o mundo mas não

daí essa ânsia: eu sei que o pensamento inerte queima, arde, cria câncer mesmo no corpo mas como me cristalizar enquanto eu numa realidade num tempo numa ideia do que penso ou pareço ou quero ser? eu sei lá o que quero ser?

embrace your weirdness. thats what i've read somewhere on the internet and it made so much sense to me that right now i feel like i can only express this (poorly) in english. maybe thats not the weirdness they that was told about but whatever. whatever.


maybe i'll never be who i think i might want to be; maybe i'll just stay an older version of me as my parents became an older version of them and made me (at least with love) and i'll just have to tender some kind of person so i can feel that any of my feelings about the state of the world is kind of memorable.

maybe creating memories for myself isnt enought. maybe i'm in some kind of journey of memories for others - memories like my owns - and its so fucking hard, so fucking hard.

i'm not trying. im just faking it. faking it so i can feel like ive tried in some short future but still faking.
fake fake fake


fake














fake








sair da zona de conforto

sair da zona
de


conforto







































































é,

7.7.15

socorro perdi o dom de escrever e-mails perdi essa habilidade tão essencial na sociedade comunicação em massa socorro perdi o tom do escrever e-mail já não sei expressar alegria radiante sem um tom irritante socorro perdi já foi não volta meu deus que porra mais trágica. eu só não consigo escrever direito um e-mail. eu quero ser empático sem no entanto abraçar desnecessariamente qualquer palavra que seja. e a vergonha de errar faz o escape pra esse meio, um meio de desabafo sem resistência vômito digitado alma da baia o trabalho me inclui o trabalho enobrece o trabalho movimenta não quero trabalhar. não quero trabalhar como quem pensa mas dia sim dia não dia sim dia sina dia sim dúvida - museu nacional

11.3.15

eu só quero a atenção, eu só quero a atenção
sua sua sua

eu só queria sua atenção e seu incentivo e seus parabéns, patéticos, eu e meu super ego, talvez, mas triste pensar: trata-se da dura realidade.

a dura realidade de te encontrar depois de meses de mensagens visualizadas e falar, num tom acusatório, o quanto você ficou bem com esse cabelo, nossa, até te pegava, mas nossa, nossa, quão patético é escrever essas linhas, quão patético é pensar haver um espelho entre nós, espelho de tempo que almejo quebrar, almejo destruir, destroçar com pensamentos cada vez mais canalhas, pensamentos cada mais vez sórdidos, cadamentos pensa mês cais tófilhos

no fundo eu só queria tomar um café e discutir aquele seu livro recomendado, falar sobre como mudou minha vida - obviamente isso não importa - e sobre minhas frustrações, acho que você entenderia, acho que você

acho que você me ignora por inveja (já pensei nisso) ou porque feri seu ego (provavelmente foi) permanece, em mim, a vontade, a latência de grafar: não, foi, por, mal.

não foi por mal esse mal estar interno essa cabeça dura essa arrogância, essa arrogância de ser quem quero que seja quem quero que veja quero quero quero quero

sua atenção, céus, que patético