12.8.16

eu já não sei quem eu sou

eu já não sei quem eu sou

eu já não sei meus desejos e ânsias
prendo ao máximo a respiração e mesmo o instinto primitivo dos pulmões plenos de ar
parece mais um tipo de consciência involuntária ao viver
como que melhor não tá
mas pior sempre fica?

não que eu queira me matar, não
realmente não o desejo queria apenas
saber

o que mantém esse corpo junto
átomos atados corrente de nós
impulso

o que me move?
o que me basta?

eu queria saber de onde vem a vontade de escrever
e de espirrar

sobre como consigo ler letras e cantar em pensamento

vejo as árvores e suas folhas
ouço pássaros

enfim,

o que me move?
o que me basta?

tão vazio de algo estou que nem ao menos perguntas sensatas e pensamentos uniformes consigo produzir,
algo de realmente estranho porque minha mente mimetiza memórias de outrora sempre todas
racionais racionais
uma razão de todo burra porque nunca sentimental, uma razão que jamais tomou sentimentalismos como parâmetros de cognição que já desprezou afetos
porque acreditava em algum lógica interna ao indivíduo.

há tanto tempo não escrevo...

8.6.16

escrever ainda salva

talvez eu esteja deprimido talvez eu
esteja precisando de ajuda? penso
sem muita certeza, porque veja
veja: eu não sei bem meu caminho

mas eu nunca soube mesmo e é essa a questão. eu nunca soube bem o meu caminho e sempre lidei bem com isso, sempre segui fui seguindo até chegar

onde? eu cheguei aqui - "cheguei" - e permaneço, ou fico? eu fico aqui ou vou, digo, talvez vá, talvez fique,

eu sou geminiano ou deprimido?

eu sou indeciso ou covarde?

eu sinto o que penso
penso no que faço
faço o que quero
eu sinto no que ajo?

eu estou deprimido ou
será que eu gosto de preencher-me com dúvidas,
de nutrir-me com projetos de ilusões de descaminhos será
que gosto disso, desse desabor do sonhar?

estou deprimido ou será que
só sou criativo quando melancólico,
engraçado quando constrangido
sóbrio quando chapado

estou deprimido
ou consciente de meus vícios
de minhas doideras
de meus artifícios

refletindo
sobre
a existência...

estou deprimido, será?

eu realmente considero a possibilidade, sabe,
tem dias que eu to tão triste mas TÃO TRISTE
que nem chego a sentir dor.
nem chega a cair lágrima
apesar da angústia do
tempo: espero passar....

talvez eu precise de terapia, sim,
mas não agora não
queria que meu pai, que minha mãe,
fossem quem pagassem minha analista...
parece que preciso que consertem os nossos erros...
e algumas roupas se lavam em casa, afinal.

talvez eu não lave passe
cozinhe trabalhe o
suficiente talvez será
que se eu trabalho louça
suja ou trabalho

será que fazendo algo algo
será contracheque será
que

será que isso distrai minha tristeza
ou traz novos semblantes ao sofrer?

será que eu sofro...
ou sequer o sei
saberia dizer...



talvez a depressão seja esse eterno questionar...
a depressão, será, será que eu
posso estar 
ficando 
deprimido?...



eu não sei,



será que preciso de ajuda ou

escrever
ainda
salva.



6.5.16

mudança imposta
retrocesso à realidade
resgatada de início
forte: choque

tempo o mesmo
tempo o mesmo

gritos e sussurros e liberdade posta sob as grades do olhar
cortante

do respeito autoritário

o tempo é o mesmo mas sou outro, penso
acredito realmente que algo vá mudar que eu
vá mudar, creio, espero,
que mude, mude
mude

o ritmo do passo parece o mesmo e tudo o que posso é respirar calma e profundamente

sem esquecer-me quem sou

rumo ao inerte

contemplo o vazio

da vida que criei:

ser nada mais do mesmo

10.4.16

como colocar em palavras aquilo que regojiza
boca aflora pelo
reto, cinco

propaganda, propaganda

que decepção traidor mudou de lado

pra mim é o princípe bruxo descobrimos seu truque a súplica qq custava morrer de fome só pra fazer música

agora é a madalena arrependida com conservantes

que que custava morrer
de fome

só pra fazer música




1.3.16

abismo corpo-mente

às vezes eu sinto como se não tivesse um propósito na vida.
tenho preguiça de acordar porque meus sonhos estão distantes do mais exagerado otimismo
e fico mais empolgado com a perspectiva de uma boa série do que promissores versos de petulância rimada

faço curadoria de conteúdos condenáveis
internet afora discutindo
sem razão
diante das menores
reações em redes
sociais

torço por personagens duvisosas e apego-me a notícias desnecessárias
Pichação em fachada de churrascaria em São José gera polêmica na web
escrevo frases desconexas forjando um sentido de limitada realidade
Mensagem pró vegetarianismo 'coma legume' foi pichada na quinta (25).

em nada me apetece participar
por nada desejo torcer
Vandalismo causou revolta na web

tanto faz a maior das justiças
não me importa qualquer desgraça
e levantou discussão sobre alimentação.

eu só quero quero quero
pensar no pensado só
quero

gritar feito surdo
umas mentirosas
suprarealidades

eu grito brado fujo reajo
esquivo-me do passado
esperando encontrar futuro
em consonância

com passado presente fu
tudo

não passa de mentira
tudo

é ilusão saborosa
felicidade

escrevo isso com um computador altamente tecnológico
em pulso

(poderia uma realidade sem sentido apetecer-me
ao que quer que seja?)

a realidade é conveniente,
(tranquei já uma personagem nesse destino)
a realidade me é conveniente portanto
tudo me escurece portanto

escrevo escrevo escrevo

talvez minhas ideias sejam apenas doenças camufladas de poder
talvez o que eu pense seja apenas um vômito desgostoso de si
que precisa mover-se ao externo para não sofrer para não
desperdiçar o corpo que parasita

é isso, minha alma é como isto:
um parasita arranhando a carne
desejoso de paixão e queda
sugando para si toda e qualquer
fagulha de orgasmo,
lampejo de alegria

um parasita deslocando a causa
causando abrupta
desfantasia

um véu de filó a desgarrar-se sob a brisa do tempo

escute,

há um milhão de pássaros cantando a sinfonia da verdade
em quem você há
de acreditar?

21.2.16

"eu não quero me abrir com você neste momento"

desconstrução é processo doloroso

envolve você envolve
a mim a realidade envolve
explosão de vontade
fragmento de agora
em outros outras outros

sentimentos
questões
conflitos
saberes

sabe?

como naquele ponto inicial
impossível no tempo
indivisível no espaço
súbito revoar de asas
de conversão
de possibilidades,

veja:

uma nuvem de pássaros explode
em todas as direções possíveis
certo?

cada qual escolhe seu caminho cada
asa fragmenta destina seu destino,
claro

mas veja veja::

sempre há aquele momento no qual a concentração
de asas, de raios, de luz, no qual a concentração
de possível por metro quadrado extrapola toda
e qualquer expectativa do provável, extrapola
expectativa de realidade e dentro do qual
qualquer espaço é espaço qualquer
espaço
veja,

a luta pela possibilidade de voar
nesse espaço de muita asa pouco

tempo

nesse momento
nesse breve tímido
relâmpago momento

átomo de tempo

é ali o palco da mais real batalha

é nesse tempo
(tempo
suspenso)

que a decisão torna-se ação

momentos quebram barreiras

momentos criam novos limites

momentos assim
tornam o atual
realmente o que é

(lutarei pelo direito de lutar pelo direito de lutar o que quero que seja real)


3.2.16


qual o limite do drama?
qual a imposição da culpa?
quando o atrito de duas convicções produz
fogo ou faísca
incêndio ou lanterna
crise ou reflexão?

posso eu apropriar-me de meus erros perante as outras
e disso fazer auto-reflexão com pretensa vontade de arte?

devo adequar-me ao julgamento alheio
exercício de humildade ou submissão sem culpa?

entre glória e loucura
o palhaço ri
o poeta chora

entre a vida sem luta
e a derrota fantasma
palavras escorrem feito lágrima num travesseiro impessoalmente distante

2.2.16

covarde

essa pode ser a definição de muita vida minha. covarde, sem gana e sem graça: aquele quem jamais se incomodou tanto e que soube se adequar, quem perdia de antemão e não se importava, posso substituir essa luta por outra que o somatório haverá de ser o mesmo.

nessa covardia eu me escondi inclusive em cursos de ensino superior, vejam, estudar direito e ciências sociais só serve para quem vê serventia na voz da autoridade do Konhecimento & doutrinas afins.

eu mal tenho gana para terminar isso. talvez seja a falta de vontade de pensar a respeito de si mesmo, talvez sim. talvez seja transferência de culpa - uma culpa à outra de quem estuda técnicas para se sentir melhor que outrem - mas enfim, não sei.

talvez eu queira me sentir um merda. isso é uma possibilidade.

enfim, até acho que fiz algo de errado, mas no dia senti que foi o melhor a ser feito. eram essas as opções e por elas lutarei. pelo menos até que eu esteja errado. até agora não me pareceu totalmente o caso.

pode ser que sim, também.

veremos. o futuro o tempo alcança

a noia da constante perseguição

VEJAM, vivemos nós numa gigantesca e sem graça vila de singelas casinhas, nas quais aquela bucólica sensação de "observam-me" é constante.

porque vejam, vejam, qualquer movimento virtual é metrificado, qualquer desabafo mais ou menos público parece sempre revelado, desvelado, suportado

pois sim perceba: até o tempo que escreves uma postagem é contado. seus afetos, seu asco, ora, tudo, apenas tudo possivelmente concebido é potencialmente monitorado, se pensares bem quiçá tua consciência está posta à prova, talvez todes estejamos assim, em vilas sem graça dotadas de singelas casinhas coloridas de sangue em pó encardido, invadindo com nossos binóculos espaços que jamais nos pertenceram

pertencerão

quem sabe devamos trancafiar-nos dentro destas singelas casas, não mais pintá-las, não (quem expõe a cor de seu sangue assim?), mas engessa-las de branco e verde, branco e verde dizem, brancas as paredes e verdes as ambições.

talvez seja essa a resposta, sabe, jamais comunicar, não, prender prender prender tudo todos os caos, todas as vidas, todas as respostas jamais concebidas porque nunca perguntadas.

será que trancafiado em mim
ecoam meus dramas sob minha pele
e rasgam o gosto triste
desta falta de propósito?

se sirvo apenas para errar
porque deveria eu
seguir?

1.2.16

talvez não faça o menor sentido pular o carnaval de rua do rio sendo contra o porto maravilha

porque a estrutura do carnaval de rua é bancada pela BOA
assim como a estrutura portuária é bancada por odebrechts

a perspectiva é deveras similar
tão similar que
pra mim

não faz o menor sentido pular o carnaval de rua do rio sendo contra o porto maravilha


sobre a possibilidade (ou não) de abdicar de todo e qualquer vício na existência terrena

seria possível existir terrenamente livre de todo e qualquer vício?
ou seria essa uma meta inatingível porque inumana?
penso isso ao perceber que, com um cigarro na mão, fica extremamente mais complicado (ao menos para mim) expressar-me em palavras diante de um teclado. com um cigarro na mão, minhas possiblidades de interação virtual ficam bastante restritas a um mouse, com o qual procuro imagens para compor esta postagem