8.3.09

0 - Viver

Sabe quando uma única imagem, site, notícia, comentário, consegue acabar com seu dia? Quando, de repente, colocam um espelho na sua frente e você não gosta do reflexo? Quando, apesar de tudo, você começa a sentir um nada? Pois é.

Tudo aquilo que você acreditou ser o correto e melhor caminho a se seguir vira alvo das dúvidas mais cruéis. Seu modo de falar, agir, vestir. De viver. Até mesmo supostas qualidades e defeitos são questionados. Uma síntese da personalidade, vista por você e pelos outros; uma reforma.
Mudar de país, de corpo, de mente, de gostos, e do que mais for necessário para atingir um estado de satisfação (utópico, claro, caso contrário não seria um post sobre um adolescente sequelado).

Parando pra pensar, a resposta mais óbvia parece ser a mais adequada: crescer. Amadurecimento não acontece apenas dos 13 aos 16 anos, a época que seus professores falam “vocês não são mais alunos do ensino fundamental!”, e sim sempre, mesmo que você se recuse. Engraçado que antes era “automático”, como se eu absorvesse sem ao menos questionar. Hoje tenho ideia do que precisa ser repensado, mas imagino que não será tão fácil quanto antes.
Queria saber escolher e separar melhor as coisas, ser menos babaca, ter mais atitude, ser mais inteligente, mais simpático, criativo.
Mas ao mesmo tempo não quero. Meu maior medo é me transformar em outro “eu”, perder minha identidade.

Nunca fui de fazer uma lista de metas no início do ano, mas quebrei o jejum de 17 anos e comecei 2009 com 5 objetivos:

1 – Passar no vestibular
2, 3, 4 e 5 – Não posso dizer, heh. Mas serão cumpridas em breve, com uma pequena modificação.

Vou criar uma 6ª: seguir em frente, não me arrependendo de nada. Viver da melhor maneira possível, e corrigir o que for necessário. Perder a vergonha que sinto de certas coisas, aprender a gostar de uns, ensinar aquilo que posso, esquecer o que devo. Admirar as coisas belas da vida, procurar mais as qualidades, não os defeitos nas pessoas; ignorar certo valores sociais, principalmente os fúteis. Buscar o modo de atingir minha felicidade e daqueles que me cercam, sem afetar os demais. Estudar, entender o que estudo, gostar do que estudo. Me dar mais uma chance, e, sempre que possível, repetir esta meta.

Sinto que, finalmente, percebi algo que, na verdade, não se encaixa no conceito ordinário de tempo. Sempre existiu, mas sem um começo. E nem fim.

4 comentários:

Anônimo disse...

Quem é você e o que você fez com o Pedro?

Lara Mendonça disse...

Pedro, eu twittei algo parecido *e bem menor*. Cansei de tentar te vários EUS. Cansei de me reinventar.

Porque quando uma pessoa se 'reinventa', primeiro ela se 'inventou'. E não sou o tipo de pessoa que faz isso. Simplesmente sou.

Hoje sei as coisas que quero pra minha vida. Hoje não penso mais em comprar roupas e FODA-SE o povo da india que faz tudo. Hoje penso mais no meio ambiente.

(mesmo que, como protesto, eu não tenha apagado as luzes na Hora do Planeta, porque isso pra mim é a maior hipocrisia)

Isso tudo pode parecer idiotice... O povo fala que quem é 'ecológico' é babaca, mas honestly, é o MEU mundo mlk. O único que eu tenho pra viver... E eu cansei de ver tudo desse jeito, sabe.

Olhar pro povo que passa o mes com 2 dolares por dia, e ainda assim sorri, me faz olhar quantos '20 reais' eu já gastei SEM PROPOSITO.

Odeio caridade, não pretendo fazer isso nunca na vida... Caridade aprisiona, solidariedade liberta, ja bem dizia meu professor de matemática.

Não deve ser tão ruim viver a vida sem as maiores tecnologias, sem as roupas de marca, pensando nos outros. Não deve e não é.

O negócio é abrir um sorrisão pra qualquer coisa, porque absolutamente qualquer coisa nesse mundo é um presente.

E pelo menos pra mim, que tenho uma religião, algo me diz que a aventura não acaba aqui. Como diria Dumbledore: 'a morte é a grande aventura seguinte'.

Então, qual o medo de viver grandes emoções?

BEIJO

Lara Mendonça disse...

PS: Isso me lembrou de quando eu doei minhas roupas pra parada de SC e comecei a chorar do nada. Em pensar que alguem precisa da roupa que eu 'já não quero mais' me faz ver quanta coisa a gente joga fora por não estar nos padrões do nosso envolto social.

Anônimo disse...

Mudar é realmente difícil, ainda mais sem saber a smedidas certas. Li alguma coisa assim da Clarice Lispector (ou Cecília Meireles, não julgue a minha confusão) que dizia basicamente que "nunca se sabe qual é o defeito - ou qualidade - que sustenta nossa personalidade inteira". Mas acho que abrir portas é um bom caminho. E por estar cumprindo essa minha meta, que estou comentando aqui :D

Afinal, "fazer" é bem importante. E o arrependimento tem que ser apenas um motivador para transformações.

Então, decidi dizer também o meu ponto de vista. Não é possível que a vergonha "me sustente"!